20 out. 2025

Criptoagilidade e o Desafio da Era Pós Quântica

Montando uma infraestrutura que esteja 100% alinhada com as suas necessidades.
gft-contact-william-faria.png
William Faria
Arquiteto II
blogAbstractMinutes
blogAbstractTimeReading
gft-image-mood-07.jpg
Transformação Digital
Cloud
contact
share

A chegada da computação quântica está transformando o modo como pensamos a segurança digital. O avanço dessa tecnologia promete uma revolução em poder computacional, mas também traz uma grande preocupação: os algoritmos criptográficos que hoje protegem dados, transações e comunicações podem se tornar vulneráveis em breve.

Diferente dos computadores clássicos, que trabalham com bits (0 ou 1), os computadores quânticos operam com qubits, que podem representar 0 e 1 simultaneamente, graças ao fenômeno da superposição. Além disso, dois qubits podem ficar emaranhados, ou seja, interligados de forma que o estado de um influencia o outro, mesmo à distância.

Essa combinação permite que os computadores quânticos processem inúmeras possibilidades ao mesmo tempo — o que dá origem a um salto de desempenho inédito.
Tarefas que hoje levariam séculos para serem concluídas em máquinas convencionais poderão ser resolvidas em minutos quando os sistemas quânticos atingirem maturidade.

Os avanços recentes indicam que essa realidade está cada vez mais próxima. Protótipos com dezenas ou centenas de qubits já existem, e previsões de consultorias como Deloitte e McKinsey indicam que as primeiras aplicações comerciais amplas podem se consolidar entre 2030 e 2040.

O mesmo poder que promete acelerar descobertas científicas e otimizar processos também pode representar uma ameaça.
Com sua capacidade de cálculos exponencialmente mais rápidos, um computador quântico suficientemente poderoso poderá quebrar os algoritmos de criptografia utilizados hoje para proteger dados bancários, contratos digitais e comunicações confidenciais.

Isso significa que informações criptografadas agora podem ser armazenadas por cibercriminosos e decifradas no futuro, em um cenário conhecido como “harvest now, decrypt later” — ou seja, “colher agora, decifrar depois”.

Por isso, órgãos e entidades internacionais, como o NIST (Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA), estão desenvolvendo novos algoritmos resistentes a ataques quânticos. Essa nova geração de criptografia é chamada de pós-quântica e deve se tornar o padrão de segurança das próximas décadas.

Com a padronização dos novos algoritmos de criptografia pós-quântica prevista pelo NIST, as organizações precisam se preparar desde já para a transição rumo à criptografia segura para o mundo quântico.
E a melhor maneira de fazer isso é adotando uma estratégia de criptoagilidade — um conceito que vai muito além da simples troca de algoritmos.

 

 

O que é Criptoagilidade

Criptoagilidade significa ter a capacidade de adaptar rapidamente os mecanismos de segurança, protocolos e chaves criptográficas diante de novas ameaças ou avanços tecnológicos, sem comprometer a continuidade dos negócios.
É o caminho mais sustentável e inteligente para garantir que os sistemas permaneçam resilientes diante das incertezas da era quântica.

A criptoagilidade permite que as empresas acompanhem as mudanças de forma fluida e controlada.
Em um cenário onde novos padrões e regulamentações estão surgindo continuamente, a capacidade de identificar, atualizar e substituir componentes criptográficos com rapidez se torna um diferencial competitivo — e não apenas uma exigência técnica.

Imagine uma instituição financeira com dezenas de aplicações e integrações que utilizam diferentes bibliotecas, frameworks e camadas de segurança.
Cada um desses componentes pode empregar algoritmos distintos, com configurações próprias.
Quando surge uma nova vulnerabilidade, é essencial saber onde e como a criptografia é aplicada — desde o código-fonte até o hardware — e ser capaz de atualizá-la sem interromper o negócio.

A criptoagilidade também representa uma mudança de mentalidade.
Deixa-se de ver a criptografia como algo estático, incorporado aos sistemas, para enxergá-la como um componente dinâmico, modular e orquestrado por políticas, automação e governança.

Como Implementar a Criptoagilidade

Adotar uma postura criptoágil não se resume à troca de algoritmos.
Envolve repensar três dimensões fundamentais: arquitetura, automação e governança.

  • Arquitetura: o segredo está em desacoplar a criptografia das aplicações.
    Ao criar camadas de abstração, é possível centralizar o controle e reduzir a dependência do código, facilitando a substituição de algoritmos e fornecedores conforme necessário.
    Essa modularidade também permite que sistemas diferentes convivam de forma harmônica, suportando múltiplos padrões criptográficos em paralelo e garantindo interoperabilidade entre ambientes legados e modernos.

  • Automação: permite gerenciar, de forma inteligente e contínua, o ciclo de vida das chaves, certificados e políticas de segurança.
    Processos como geração, rotação e atualização de chaves podem ser automatizados com base em eventos ou regras predefinidas, reduzindo erros humanos e acelerando a resposta a novas exigências regulatórias.

  • Governança: garante o controle e a visibilidade sobre todo o ecossistema criptográfico.
    É essencial saber onde a criptografia é usada, quem a administra e como ela evolui ao longo do tempo para manter a conformidade e evitar riscos ocultos.
    Ferramentas como o Cryptography Bill of Materials (CBOM) já são uma prática em ascensão, permitindo rastrear dependências críticas.

Ferramentas e Prontidão Quântica

Para que a criptoagilidade funcione, são necessárias ferramentas que ofereçam visibilidade, automação e controle centralizado sobre o ambiente criptográfico.
Essas soluções devem identificar onde a criptografia está presente — tanto em dados em repouso quanto em trânsito — e gerar inventários que facilitem atualizações.

Além disso, precisam integrar-se à infraestrutura existente, permitindo uma transição gradual entre modelos clássicos, híbridos e pós-quânticos, sem impacto nas operações.
Devem também fornecer métricas e relatórios para apoiar decisões estratégicas e políticas corporativas de segurança.

A chamada quantum readiness (ou prontidão quântica) já faz parte dos planos estratégicos das maiores instituições financeiras, seguradoras e provedores de serviços digitais.
Empresas que antecipam essa transição ganham vantagem competitiva — não apenas pela segurança, mas também pela confiança e capacidade de inovar.

 

 

O Momento de Agir é Agora

A transição para a criptografia pós-quântica não é mais uma discussão restrita a laboratórios — é uma mudança inevitável que afetará todos os setores.
A cada nova evolução da computação quântica, cresce o risco de que dados estratégicos e comunicações se tornem vulneráveis a ataques.

A pergunta não é “se”, mas “quando” e “como” as empresas estarão preparadas.
Mapear ativos criptográficos, revisar processos, estabelecer governança e investir em automação são passos essenciais para garantir a continuidade e a segurança do negócio.

A criptoagilidade é o novo alicerce da confiança digital.
Ela garante que as organizações não apenas se protejam, mas também reajam rapidamente a novas vulnerabilidades sem comprometer operações ou experiências dos clientes.

A GFT acompanha essa evolução global e auxilia empresas a repensarem suas estratégias de segurança, modernizando arquiteturas e implantando modelos de governança voltados à era quântica.

O futuro já está batendo à porta — e o momento de agir é agora.

Danielle Lopes

gft-br-contact-danielle-lopes-2.png
Sua especialista | Marketing
Diretora de Marketing e Comunicação LATAM GFT
message
dataProtectionDeclaration